quarta-feira, 22 de dezembro de 2004

As portas


Que as portas de 2005 se abram para o sonho e para a paz. Que os batentes não precisem de ser ruidosos para escancarar os corações e a energia de cada um poderem encaminhar-se no sentido da fraternidade e da ternura... Mas em que planeta será possível a concretização deste desejo?

(foto de Vanda Oliveira)


De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 19:08 0 comentários

terça-feira, 21 de dezembro de 2004

Ecos de quatro leitores

Torno uma vez mais aos leitores que não sabem ou não conseguem colocar comentários no blog, mas que me escrevem para o email dizendo o que pensam. Sem delongas, as palavras desses leitores e votos de um Ano 2005 muito melhor para todos aqueles que visitam o "Águas do Sul":

1) Caro Luís: Acabei há momentos de ler o teu blog (já tinha feito duas tentativas, mas sem sucesso) e quis de imediato dar-te os parabéns. Está lá o Luís que eu conheço. Este teu alinhamento nestas novas ferramentas foi igualmente uma agradável surpresa para mim. Posso dizer-te que nessa matéria estou uns passos atrás de ti. Um abraço. José Luís (Leiria)
2) Olá há quanto tempo eu não ouvia falar de "tramelas"! O termo trinqueta ou trincheta não me lembro de ter ouvido alguma vez. Trinqueta deve ter a ver com trinco? Este eu ouvi muitas vezes e ainda se usa lá na aldeia. Quando alguém batia à porta, ouvia-se de dentro: Entre, está só (fechada) no trinco ... Obrigada por me trazeres estas memórias. Bj MEugénia (Lisboa/Sobral da Adiça)
3) Gostei imenso de ler este seu blog. Eu como mais velho também de lembro de alguns desses programas, alguns dos quais ouvi, mas nada comparável. Não haja dúvida que o Luis é diferente da maior parte das pessoas, para melhor, não só pelos seus conhecimentos, mas pela maneira como enfrenta a vida e a frontalidade que sempre tem nas reacções quando confrontado com os problemas. Desejo-lhe muita saúde. Homens assim fazem falta. Devíamos todos ter mais coragem e agir como o Luis. Um abraço Joaquim Avó (Almada)
4) Eu até visito o blog, mas não sei comentar. E agora que ele está cada vez mais interessante: com chifres, burros...A minha visão não cientifica dos chifres: o par superior tem linhas direitas e mais austeras é masculino, o debaixo está colocado sob a protecção e sobre a impetuosidade do masculino tem formas arredondadas formando um coração: é fêmea. Mas ambos têm formas artísticas, a cornada é muito requintada (...) Adoro esta fotografia do Jorge Cabral já a conhecia (...) Adoro a fotog... porque ela me transmite o olhar de aceitação e sonho das crianças árabes Estou com a assoc. das Aldrabas - presentes no 1º poema do meu livro " o meu Amor é Árabe". (...)sei aprecia-las, preservá-las...gosto de lhes tocar, são sinal de segurança, privacidade, autenticidade. Nasci numa casa que as tinha. Usei-as, embora novas, no monte há doze anos atrás. E o meu amor será eternamente árabe... terá mil e uma aldrabas nas portas do seu palácio de areia. Maria José Lascas Fernandes (Vagos/Lavre)
A todos um grande Bem Hajam e Bom Ano 2005!

De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 21:02 0 comentários

Alexandre Laboreiro adere à "Aldraba"


Foi com muita satisfação que recebemos deste professor e amigo de Montemor-o-Novo a vontade de adesão à Associação "A Aldraba".

Homem interveniente, autor de artigos de opinião na imprensa local que nos remetem para uma reflexão pertinente acerca da cultura e da cidadania, agrada-nos sobremaneira partilhar esta honrosa adesão.

(Foto de Vanda Oliveira)


De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 15:54 0 comentários

quinta-feira, 9 de dezembro de 2004

Aldraba em Óbidos


Tentando compensar as aldrabas roubadas ao Adufe...

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 4:18 PM 3 opiniões

COMENTÁRIOS
Rui MCB disse...
Óbidos deve estar carregadinho de aldrabas. Onde encontrei às toneladas foi em Albufeira. E eu a pensar que os "cámones" tinham arrasado com tudo.
Qui Dez 09, 07:00:00 PM
mfc disse...
Casa com aldraba...gosta de receber.
Qui Dez 09, 08:35:00 PM
Rui MCB disse...
Essa frase é um bom mote para levar ao adufe as aldrabas de albufeira :)
Sex Dez 10, 01:02:00 AM

terça-feira, 30 de novembro de 2004

Uma aldraba em Peniche


O Forte e o seu portão, de tristes memórias. Uma fachada a contrariar o interior desmazelado, meio derruído. Um arrepio na alma pela evidente falta de respeito, não só pelo património público, como por quem, durante décadas de negrume, o ocupou. Página viva que se pretende apagar da história do fascismo? Ou "apenas" a já habitual incúria e indiferença?

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 2:51 PM 0 opiniões

quinta-feira, 25 de novembro de 2004

O Terceiro Mundo é onde???


Sidi Bou Said é uma cidade azul e branca, belíssima, construída em anfiteatro diante do Mediterrâneo, a dois passos de Cartago e a escassos quilómetros de Tunis. Passear nas suas ruas de jasmim e buganvília, observando as portas com 3 batentes, um para o homem, outro para a mulher e outro para a criança, todos com sonoridades diferentes, é mágico. Já por lá andei com sol e chuva, em dias de frescor e em tempo de lume e cigarras, e por ali bebi um extasiante chá de menta com pinhões. Mas o que eu hoje venho dizer aqui é que num país dito do 3º mundo, a verdade é que as portas e as aldrabas do centro histórico são preservadas e até há colecções de postais com este património, valorizando-se junto do visitante essa identidade que os objectos com valor histórico e afectivo conferem. No Portugalete dos espertalhaços, é o alumínio que devora as fachadas, apagando-se séculos de sociabilidades à volta destes utensílios de cunho simbólico. Aqui o que está a dar é o plástico do esquecimento, o tufão do desprezo, o vómito da miséria mental. Quando vejo mais uma triunfante novel porta, metálica e feia, derrubar outra trabalhada, de madeira, apesar de velha, num centro histórico, seja em Miranda do Douro, seja em Lisboa, nessas ocasiões tenho vergonha de ser português...

De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 16:57 7 comentários

COMENTÁRIOS
lost disse...
Agradou-me a parte da cidade azul e branca!! ;)Tens razão na tua crítica, mas não ataques muito o aluminio! É possivel conciliar as duas coisas!!!
25 Novembro, 2004 17:49
myheart disse...
Eu até visito o blog, mas não sei comentar. E agora que ele está cada vez mais interessante: com chifres, burros...A minha visão não cientifica dos chifres: o par superior tem linhas direitas e mais austeras é masculino, o debaixo está colocado sob a protecção e sobre a impetuosidade do masculino tem formas arredondadas formando um coração: é fêmea. Mas ambos têm formas artísiticas, a cornada é muito requintadaAdorei as pinturas da Isabel Aldinhas! Surpreendeu-me.Adoro a fotografia do Jorge Cabral ... porque ela me transmite o olhar de aceitação e sonho das crianças arabesEstou com a assoc. das Aldrabas - presentes no 1º poema do meu livro " o meu Amor é Arabe"... sei aprecia-las, preservá-las...gosto de lhes tocar, são sinal de segurança, privacidade, autenticidade. Nasci numa casa que as tinha. Usei-as, embora novas, no monte há doze anos atrás. E o meu amor será eternamente arabe... terá mil e uma aldrabas nas portas do seu palácio de areia. Maria José
25 Novembro, 2004 23:30
lost disse...
Agora reparo mais uma vez nas frases que tens no cabeçalho do teu blog. Aquela do conhecer alguém é ficar magoado é de um pessimismo terrivel!!! Mesmo que às vezes fiquemos magoados com alguma pessoa, não nos devemos arrepender de conhecer e gostar de alguém! E o que se aprende e partilha com os outros? As relações sejam elas quais forem, não tem de ter prazos ilimitados de duração, devem ser vividas no momento, no presente e não no amanhã. As coisas duram enquanto tiverem condições para isso. Tu conheces tanta gente, tens muitos amigos que te adoram!! Por isso, reflecte bem sobre aquela frase (que até arrepia), porque eu não te revejo nela...................E pronto, não sei o que me deu para escrever isto, mas apeteceu-me.Tem um bom fim de semana. Boa viagem até Alpedrinha, e que corra tudo bem com o lançamento da 'Caligrafia...'
26 Novembro, 2004 18:19
augustoM disse...
Somos terceiros mundistas não há sombra para dúvidas, mas o pior é o sermos no meio dos primeiros mundistas, e não conseguirmos aprender nada. Somos um país onde imperam os patos bravos, como se dizia antigamente. Espécie que em vez de estar em vias de extinção, prolifera cada vez mais. São uma espécie de párias culturais, sem o mínimo de sensibilidade para o nosso legado histórico/cultural. A única coisa que conta para eles é o dinheiro, o resto é despresado como coisa sem valor. Realmente é uma tristeza viver num país como este.Um abraço. Augusto
26 Novembro, 2004 21:22
Águas de Março disse...
Viva, Águas do Sul! Foi-me difícil entrar, mas lá consegui! E digo-lhe, estou encantada com o que li, não apenas com o tema a que os últimos posts têm vindo a dar relevo, como pela qualidade e elegância da sua escrita, coisa que é sempre um enorme privilégio encontrar. Logo comentarei com mais vagar, isto foi só mesmo para marcar presença. Obrigada pela visita ao meu sítio, bom domingo!Ana Maria
27 Novembro, 2004 19:05
stillforty disse...
Mesmo terceiro mundista somos nós, os portuguesitos. É só ver em Sintra, património mundial, a quantidade de prédios a caírem de podres.Amazing país o nosso.
29 Novembro, 2004 23:08
oasis dossonhos disse...
E porque a Ana não conseguiu escrever a sua opinião, mas escreveu para o meu e.mail a partilhar memórias, transcrevo as suas palavras:"Lembrei-me da Travessa do Pasteleiro e das 3 repenicadas (lado esquerdo.... tão engraçado....) e quanto fiquei feliz quando foi colocada uma porta de alumínio e com campainha e tudo (quem me dera esse tempo... tão menina que eu era.... ). Tens este condão que mais ninguém consegue e vai conseguir alguma vez , na minha vida: Transportar a minha memória a lugares tão "guardados". Era uma mãozinha que batia numa bola de ferro enferrujado colocada na porta velha de madeira... até as caixas de correio eram em ferro já mt velho onde o meu pai depositava um chocolate pela surra para depois abrir a caixa mágica onde estava aquele maravilhoso "pack" que eu adorava comer.... Obrigada, muito obrigada, por me fazeres recordar esse tempo. Aquele doce beijo. ANA"
30 Novembro, 2004 23:38

Em França protege-se...


Recomendo vivamente este estudo sobre aldrabas e batentes de Bordéus, de Marie France Lacoue-Labarthe.

Sobretudo aos autarcas que têm permitido a destruição do património.

Mas também a todos os que se interessam por este património invisível...

Se puderem, leiam!


De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 16:49 0 comentários

Mais aldrabas



Montemor-o-Novo Porta da Santa Casa da Misericórdia (pormenor)

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 8:27 PM 2 opiniões

COMENTÁRIOS
Fernando B. disse...
No nosso dia a dia passamos por grandes obras de Arte, como estas aldrabas e não damos por elas.Beijocas,
Qui Nov 25, 11:32:00 PM
myheart disse...
Belo conjunto, este da Misericórdia de Montemor-o-Novo...Com um espelho de fechadura majestoso e dois batentes enquadrados na decoração faustosa da porta.Digo batente porque a aldraba é móvel e o batente está sempre fixo...mas isso é o que tem menos importância: promover e proteger estes objectos do património "invisível" é prioritário. Parabéns por mais esta jóia.
Qui Nov 25, 11:39:00 PM

domingo, 21 de novembro de 2004

A Aldraba - Associação do Património Invisível dá os primeiros passos

Nasceu ontem em Montemor, no restaurante "Avis", e na presença de duas dezenas de interessados na sua criação, a "Aldraba", há muito ansiada. Os fundadores debateram os objectivos da nova associação, após um almoço maravilhoso, de cação alimado, carne assada com puré de castanha, mousse e salada de frutas, enchidos seleccionados como entrada e um "Marquês de Montemor" tinto de cair para o lado. A Carina, proprietária do restaurante "Avis" foi inexcedível e está de parabéns, por ter ao seu lado uma cozinheira preciosa, que cozinhou em tempos para os que mourejavam nos campos. O professor Alexandre Laboreiro foi quem recomendou, pela relação qualidade-preço e a pintora Isabel Aldinhas, com uma surpreendente exposição essencialmente composta por trabalhos marcados a folha de ouro, ressuscitando "Vestígios Árabes", estava feliz na véspera de mais um aniversário, por ter tantos amigos à sua volta, partilhando a sua obra e a ternura dos seus gestos de grande senhora. Tão simples mas tão sábia, na arte de conviver e de usar o pincel sobre a tela, de recordar costumes identitários, perdidos no tempo, vultos pacientes tecendo sonhos.

Lá estava a lâmpada de Aladino, a almofada, o morábito, a aldraba e a terra mágica, esta terra pela qual damos a esperança - o Alentejo que amamos, enquanto cenário de tradições, patrimónios e projectos. A Comissão Promotora integra gente da antropologia, geografia, sociologia, História, filosofia e outras ciências, o que à partida garante um trabalho de qualidade.

"Águas do Sul" associa-se à felicidade da bloguista do http://vemosouvimoselemos.blogspot.com/ e deseja aos animadores deste novo grupo de cidadania uma intervenção eficaz em torno do património e da identidade alentejana, pois o entusiasmo destes homens e mulheres assegura que vamos ouvir falar deles por bons motivos.
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De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 16:21 2 comentários
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COMENTÁRIOS
Rui Graça disse...
Viva a Aldraba!Viva as jantaradas!Viva viver!Caro amigo, serei o Sancho Pança que lutará ao teu lado pelo património invisível!Bem haja
22 Novembro, 2004 01:19
lost disse...
Fico muito feliz com o nascimento desta nova associação. Também eu já fui 'contagiada' pelo encanto das aldrabas. Contem comigo!!
22 Novembro, 2004 13:02

Montemor-o-Novo: os amigos, as aldrabas e a "ALDRABA"


Manhã soalheira a prenunciar o dia em que, de nome indefinido, a proto-associação toma definitivamente o nome de ALDRABA - Associação do Património Invisível. Das duas dúzias de entusiastas progenitores do bambino, juntaram-se dezasseis em animada jornada de convívio, cumprindo uma prévia etapa de consolidação do projecto: Montemor-o-Novo.
Nas Grutas do Escoural, alcançadas depois de um percurso imposto pelo I.E.P., que nos obriga a um desvio de mais uns 30 km, somos recebidos pela Tânia, futura arqueóloga e voluntária ao serviço do IPPAR, que nos guia pelo estreito labirinto de estratificações e estalactites. A Tânia sabe do que fala, esclarece e tira dúvidas, e até o J.P., na curiosidade dos seus seis anitos, mereceu resposta individualizada e esclarecedora.
De regresso a Montemor (um tanto aventuroso, ainda graças ao I.E.P.), reunimo-nos com a pintora Isabel Aldinhas e o marido, para retemperar forças e forrar o estômago com os primores gastronómicos saídos da cozinha da Ana Carina, no Restaurante Aviz.
A Ana desmultiplica-se em atenções, em petiscos, em sorrisos. A sopinha de cação aromada de poejos estava de comer e chorar por mais. A carne de forno na companhia de puré de castanhas, era um manjar de deuses. Os vinhos, néctares de fazer inveja a Baco ou Dionísio. A rematar, ainda a oferta de um Marquês de Montemor que apenas teve um senão: já não conseguimos bebê-lo até ao fim... Sobremesas e cafés por conta da casa. À despedida abraços de quem parece sempre ter-se conhecido e a promessa recíproca de outras visitas.
Tudo temperado com a boa disposição do grupo, a que não faltou um necessário "ponto da situação", pedra de toque indispensável para aferir o dinamismo da embrionária associação. A "ecografia" feita revela um bom desenvolvimento e uma grande vitalidade.
E quando tudo isto se passa num espaço revelador de bom gosto, paredes forradas de pinturas da Isabel numa exposição de seu tema "Vestígios Árabes", só podemos exultar!
Já a meio da tarde demandamos as ruas antigas da cidade, espreitando as aldrabas e batentes que muitas das portas ainda ostentam. O L.F.M. é desta vez o nosso guia em redor deste inestimável e muitas vezes esquecido património. A noite cai e ainda nos deslumbramos diante de batentes em forma de cão-gato ou de tritão ou de golfinho e até de serpente. Balançando entre a euforia e algum cansaço, arribamos por fim à "Fonte das Letras" onde, diante de um chá de jasmim e rodeados de livros que se deixam folhear sem pressas nem compromissos, encaramos de má vontade mas sem apelo nem agravo, o regresso a Lisboa, deixando o olhar na Torre do Anjo e um ramalhete de saudades no Largo de S. Sebastião...


De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 11:51 PM 3 opiniões

COMENTÁRIOS
oasis dossonhos disse...
Que bom ter lido esta notícia. Partilho o entusiasmo, a alegria, a esperança, o sonho. É bom estar ao lado de pessoas como tu, na vida, na sementeira, na blogosfera. Saravá, DIVA!!!
Dom Nov 21, 12:38:00 PM
antonio disse...
Obrigado pelas visitas e pelo apoio neste momento complicado que atravesso.
Um abração doZecatelhado
Dom Nov 21, 02:06:00 PM
Sonia F. disse...
Já me apercebi que perdi muito. Ainda bem que valeu a pena. Bjs.
Seg Nov 22, 02:51:00 PM

terça-feira, 16 de novembro de 2004

A (nova) militante do património invisível



Este blog deve-lhe alguns conselhos técnicos, pois, neste quarto mês, comecei a brindar-vos com fotos.

Ela também andou às voltas para conseguir editar fotos no blog http://lostphotos.blogspot.com/ onde há alguns meses partilha connosco emoções e surpresas.

Há uns tempos a minha amiga falou-me da terra dos avós e da sua infância: Santa Justa, freguesia do Couço, concelho de Coruche.

Hoje utilizo uma das imagens que então me ofereceu - esta belíssima aldraba resistente, num conjunto de duas, que por lá encontrou.

Há dias estivemos juntos com um colega, ali para os lados de Bucelas, Santo Antão e São Julião de Tojal. Fomos inventariar e fotografar exemplares deste património que primeiro as campainhas, depois os alumínios silenciaram.

Sei que os defensores da causa do património invisível podem contar com esta nova militante, em prol da protecção de utensílios que chegaram até nós, atravessando séculos.

Nos últimos anos, à medida que polui rios e ares e mata seres únicos - veja-se o caso da ursa dos Pirinéus aniquilada por caçadores incultos ou maldosos - o ser humano dá mostras de ser o maior predador de si próprio. Apaga a História. Anula o Futuro. Armadilha o Presente.

O silenciamento das aldrabas constitui uma das marcas dessa destruição.

Voltaremos ao assunto.

Agora, interessa saudar a Vanda Oliveira, mulher bonita, colega impecável, companheira de sonhos espectacular. É tão bom existires neste quotidiano incerto sonhando esperanças. É bom ver-te esvoaçar por aí, com um sorriso, em busca de aldrabas!

De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 18:00 3 comentários

COMENTÁRIOS
lost disse...
Deixaste-me sem palavras.... e um pouco corada e tudo! Eeheheheh!!! A este ritmo alucinante, esgotamos as fotos 'num instantinho'!! E lá teremos que ir de novo em busca de novos lugares, instantes e cores!! (o que é uma 'grande chatice'! Eheheh!). Mas é com muito prazer que partilho contigo os meus olhares do mundo.Obrigado por tudo, companheiro de sonhos!
16 Novembro, 2004 18:35
Guida Alves disse...
Pelo sonho é que vamos e as aldrabas, esse património tão rico e tão desvalorizados por tantos, são o "sonho".
16 Novembro, 2004 19:13
stillforty disse...
Obrigada pela partilha.Gostei.
17 Novembro, 2004 18:41

segunda-feira, 15 de novembro de 2004

A mão que (ainda) nos chama...


Batente em forma de mão, de uma porta de Montemor-o-Novo.


A fotografia foi realizada pelo geógrafo Fernando Duarte, na Primavera de 2003.

Na zona histórica desta cidade alentejana, encontram-se ainda sete centenas de exemplares destes utensílios, entre batentes, aldrabas, martelos de porta, puxadores...

Vale a pena começar a olhar, com olhos de ver, para este património invisível e chamar a atenção de proprietários de imóveis, moradores e autarcas das nossas terras para travar a desaparição destes objectos, repletos de História e simbolismo, que tanto enriquecem o nosso espólio identitário.

Para utilizar o título - adaptado - de um magnífico texto do dr. Santiago Macias, esta é a mão que (ainda) nos chama...


De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 12:23 0 comentários

segunda-feira, 8 de novembro de 2004

Os Ladrões de Sonhos, Nietzsche e Walt Whitman

Apetece-me criar algo de novo. Não falo em escrever um poema, que isso é como o ar que respiro - indispensável.
Refiro-me a qualquer coisa que não tenha mácula, desconfiança, podridão. Uma ideia para partilhar, uma aventura, um projecto, uma associação. Infelizmente certos indivíduos vão estragando o mundo, a amizade, a esperança, há ladrões de sonhos a sorrir-nos, para proceder ao assalto e enquanto sorriem apunhalam-nos pelas costas, num gesto certeiro e tentam convencer os outros que nós é que somos os maus da fita. É uma velha técnica que tem as suas estrelas: Judas é um expoente, mas há muitos, são reconhecíveis na política, onde proliferam e em tertúlias literárias, só para citar dois exemplos. Mas também os há nos empregos, nas escolas, na vizinhança. Senão, como era possível termos o belo governo que nos desgoverna?
Caliméricos, muitos portugueses fazem-se tolinhos, não têm culpa de nada, mas alguém os pôs lá e esse alguém são milhares que querem desenfreadamente protagonizar a comédia oportunista a que julgam ter direito. No 1º de Maio de 1974 era quase tudo de esquerda, mas chegados aqui, as palavras solidárias de muitos desses são apenas pó de arroz com que disfarçam a alergia a um mundo mais respirável.
Estou farto de conhecer gente assim, que engana meio mundo com a conversa da treta.
Por isso anseio por um grupo de companheiros de sonho que não esteja atolado em qualquer lamaçal, que não se queira amamentar com dinheiros alheios, que não pretenda fazer do associativismo fábricas de curriculuns e empregos, que não se atreva a pactuar com os detentores do poder, para repararem em si e lhe darem uma migalha, quiçá um emprego ou um cargo autárquico, enfim, o usufruto do pequeno poder que transforma o verme em vómito, sem retorno.
Imagino um território mental, onde o coração possa sentir o que Nietzsche escreveu um dia: "Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece!"
Que o discípulo seja o Homem e a sua experiência, e o Mestre, o Caminho e o caminho seja a existência.
Uma vida que se anseia partilhar, tornando o quotidiano suportável, longe dos assassinos de sonhos, dos vampiros de ideias, dos plagiadores de luz, dos fantasmas da nossa esperança.
Apetece-me criar algo de novo, e sei que a corrente, a energia, a vontade é mais poderosa do que a angústia de uma derrota momentânea.
Saúdo-te, ó coisa nova que vais nascer, não do pensamento totalitário e egoísta de um frustrado, gerado nos dedos de Moebius, mas das mãos dadas e das almas unidas de tantos que não suportam o lixo das palavras dos falsos fazedores de alegria.
Apetece-me criar algo de novo com vocês que sentem estas palavras e não têm compromissos com ninguém, não precisam de retratos nem artigos a louvaminhar-vos, nem de livros, nem discursatas, diplomas a conferir-vos talento, nem de aplausos comprados.
Apetece-me criar algo de novo com aqueles que têm coragem de dar a cara, de discordar, de dizer não, de lutar.
A fingidez e a paz podre dos pântanos não nos interessa. Como diria Walt Whitman, vamos pela estrada larga, vamos desbravar o futuro desconhecido, o duro futuro do futuro, vamos semear futuro e alimentarmo-nos das surpresas desse futuro e rasgar em mil bocados o passado fedorento onde os perfumados malfeitores de fraque ficarão na sua carnívora jangada de tédio.
Salvé Futuro, salvé ó tu, visão nova de tantos que não se revêem no caco espatifado da maioria.
"I dream in a dream!" (Walt Whitman)
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De "ÁGUAS DO SUL"
Postado por oasis dossonhos às 22:37 2 comentários
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COMENTÁRIOS
A-teu disse...
Caro amigo
Tens cota parte da culpa de te desafiar a ler um pequeno texto "Queria tanto"
in http://riachos-e-margaridas.blogspot.com/, que sinto dar resposta ao desafio que fazes. Podem roubar sonhos, mas sonharemos todos os dias. Se não nós, outros, mesmos insuspeitados.
09 Novembro, 2004 23:25
Guida Alves disse...
E "pelo sonho é que vamos". Algures, por aí, ainda haverá um lugar para os que, como nós, confiam no outro, sem reservas. E querem de verdade não depender de nada nem de ninguém, nem ganhar o tal protagonismo comprado a peso de consciências. O nosso projecto colectivo terá pés para andar, apesar das diferenças, aceites desde o início. Porque é talvez nas diferenças que resida a capacidade de continuar a sonhar.
10 Novembro, 2004 18:47

ALDAB? CALIFE?


Fonte do Telheiro - Monsaraz
Ainda a criança está em gestação e já andamos todos numa roda viva! A primeira ecografia está prevista para o próximo dia 20, em Montemor-o-Novo e Grutas do Escoural. Enquanto dois dos responsáveis por este nascituro preparam afanosamente o enxoval, o padrinho vai pensando no nome… Quem sabe se esta não virá a ser a pia baptismal?

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 2:06 AM 3 opiniões

COMENTÁRIOS
antonio disse...
PARABÉNS aos papás babados.Seja nino ou nina, aqui o Zecatelhado oferece-se já para "Padrinho Blogosférico"!Um abração doZecatelhado
Seg Nov 08, 09:52:00 PM
oasis dossonhos disse...
uma déli como sempre!Adorei a ideia!
Seg Nov 08, 10:32:00 PM
oasis dossonhos disse...
sugiro, a propósito do tema, uma visita aohttp://aguasdosul.blogspot.com
Ter Nov 09, 01:21:00 AM

sábado, 30 de outubro de 2004

Hoje é o dia especial...


...do meu amigo L.F.M. Um abraço de parabéns!

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 1:44 AM 1 opiniões

COMENTÁRIOS
oasis dossonhos disse...
que poderei eu dizer, nesta altura? Não sei se mereço um tal mimo...porque esta aldraba é um poema, é linda.E a tua sensibilidade um tesouro.Obrigado por tudo!
Sáb Out 30, 02:06:00 AM

segunda-feira, 25 de outubro de 2004

Tranquetas e taramelas


Na aldeia de Rio de Onor


Na aldeia de Montesinho

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 7:12 PM 1 opiniões


COMENTÁRIOS
Rui MCB disse...
Podiam perfeitamente ser ambas da Benquerença/Penamacor :-)Hoje mais raras mas ainda muito frequentes na minha infância.
Seg Out 25, 08:54:00 PM

domingo, 24 de outubro de 2004

Aldrabas e Batentes #2



Um elegante batente de porta em Puebla de Sanabria.


De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 9:49 PM 0 opiniões

Aldrabas e Batentes #1


Na mesma porta, um batente e uma aldraba.

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 6:22 PM 1 opiniões

COMENTÁRIOS
oasis dossonhos disse...
Que delícia e que perícia.Mais um site para bibliografia quanto a futuros trabalhos acerca das aldrabas...Parabéns!!!
Dom Out 24, 10:19:00 PM

quinta-feira, 30 de setembro de 2004

Um batente de porta em Monsaraz



De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 9:36 PM 1 opiniões
COMENTÁRIOS
oasis dossonhos disse...
Que bom poder difundir através da blogosfera este amor pelas aldrabas!Bem hajas, por mais este mimo!L.
Sex Out 01, 01:27:00 AM

Aldrabas


No Adufe descobri este texto sobre as aldrabas, do meu amigo L.F.M.

Conclusões:

1. Tenho que me linkar ao Adufe...

2. Tenho que dar ao L.F.M. a "resma" de fotos de aldrabas feitas por esse Alentejo fora...

3. Não resisti a pôr aqui uma foto de "pica-portas" nos arredores de Miranda do Douro...

De "VEMOS, OUVIMOS E LEMOS"
publicado por Guida Alves às 1:55 PM 1 opiniões

COMENTÁRIOS
oasis dossonhos disse...
Linda, esta ideia de partilhar o pica porta e a magia daquele Maio transmontano, que se pressente na luz sobre a porta, que o olhar irradiava...ObrigadoL.
Sex Out 01, 01:29:00 AM